domingo, 12 de abril de 2009

Só temos o que merecemos


O presidente Gustavo Feijó conseguiu perpetuar-se por pelo menos mais cinco anos no comando do futebol alagoano. Em uma manobra legal – considerada por alguns, imoral – Feijó seguiu indicação da CBF e adequou o estatuto da FAF ao da maior entidade do futebol brasileiro, ampliando o mandato como presidente até 2014. Houve reações em vários tons com a manobra oficializada pelos clubes. Os mais exaltados falam em golpe. Outros afirmam que foi uma medida que necessitava de uma maior discussão. A votação foi feita em ritmo de atropelo, sendo que apenas dois clubes se manifestaram de forma contrária. Sou legalista e defendo a democracia. Se a grande maioria dos clubes optaram por ampliar o mandato de Gustavo Feijó, o presidente da FAF está respaldado por esta maioria. Sem fazer juízo de valor, nós como sociedade, como torcedores, como desportistas, temos a federação que o futebol de Alagoas merece. Me surpreendi não com os votos favoráveis, pois quem está no poder tem claros mecanismos que lhe possibilitam uma permanência no mandato. Me surpreendeu a intenção de Gustavo Feijó em permanecer na FAF. Em algumas conversas que tive com o próprio presidente, ele em várias oportunidades lamentou o momento do futebol de Alagoas e se disse “ cansado” de tentar lutar para mudar o futebol e que não estava conseguindo. Imagino que a vaidade em ter o poder deslumbrou o presidente a continuar tentando descascar um abacaxi por pelo menos mais cinco anos. Nesta discussão cabe uma avaliação do que tem sido a administração de Feijó à frente dos destinos do futebol alagoano. Feijó tem aspectos positivos e outros negativos e ainda não conseguiu mostrar uma nova cara para o futebol alagoano. Destaco entre os pontos positivos, o crescimento da arbitragem alagoana, a transmissão do nosso futebol pela tv e a afirmação do futebol do interior como tão – ou até mais importante, que o futebol da capital. O presidente da FAF bancou um maior investimento na arbitragem e sem dúvida nenhuma qualificou nossos árbitros. Também existe mérito na transmissão do futebol de Alagoas pela tv. Muitos podem até contestar que os clubes recebem migalhas, mas a transmissão da tv tem dois aspectos que precisam ser avaliados. O primeiro deles é que o investimento é para futuro e que daqui a mais um ou dois anos, teremos um produto mais comercial. O outro é que as transmissões recuperam a condição do alagoano ver seus clubes. O terceiro aspecto que destaco como positivo é que o ASA chegou a Série C e no mínimo igualou o status de poder entre capital e interior, que hoje disputam a mesma competição. Entre os aspectos negativos aponto uma maior quantidade do que aspectos positivos. Em termos de resultados, com Feijó administrando o futebol, o clube mais antigo do futebol alagoano foi defenestrado da elite do futebol alagoano e o CRB foi rebaixado para a Série C após 15 anos se sustentando na Série B. Também fazem parte do “currículo” o abandono do Corinthians em um momento maravilhoso na Copa do Brasil e o abandono do CSA na Série C do ano passado. As duas situações tem ligação direta com a desavença entre os irmãos Feijó. A instabilidade de uma competição com muitas mudanças na tabela também tem parte de culpa de um assessoramento limitado do presidente. Avalio que Gustavo Feijó chegou a entidade precisando mostrar ações diferentes dos seus antecessores e acabou tomando decisões em que ele tinha a necessidade da auto afirmação. Erros continuam sendo cometidos e junto ao segmento da imprensa esportiva a avaliação de administração de Gustavo Feijó já não é mais tão positiva e chega a decepcionar a alguns.. Apesar dos erros, acho que ainda existe como tentar melhorar o rumo, tornar seu caminho na FAF mais coerente. Para isso, Feijó precisará se desfazer de algumas amarras em que ele se apega. O relacionamento divergente com seu irmão, João Feijó, está passando dos limites aceitáveis e está ficando “chato” e tem prejudicado o futebol de Alagoas. O futebol de Alagoas precisa ser planejado e colocado em um melhor caminho. Neste aspecto, também é necessário um melhor profissionalismo dos dirigentes. Por fim será preciso mudar a imagem de um “cartola” brigão e bocudo e que sempre usou a força nas situações mais complicadas. Está na hora Gustavo se reverter suas principais dificuldades – a maioria delas internas - tempo você terá para isso.

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